quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Respostas

Bom, quero começar dizendo que o blog está atingindo o seu objetivo: o diálogo, a troca de idéias.

Como eu esperava, o meu último post provocou um longo debate. E não é por menos, pois acaba por negar este pensamento pós-moderno que afirma que não existem verdades e que tudo é relativo. Este pensamento pós-moderno também parece ser mais cômodo, afinal, tudo o que eu preciso fazer é criticar as outras propostas de idéias.

Vou tentar fazer algumas colocações a respeito do que foi tratado nos debates sobre o último post. Isso depois de eu comer o meu “prato de arroz quentinho”.

Um dos meus amigos começou o debate fazendo definições sobre o que eu afirmei no post “Apontamentos”. Falou que o que eu disse são conceitos. Só sobre isso nós podemos passar o resto da vida debatendo. Mas, se o que eu afirmo são conceitos, o que tu afirmas também o é! E, portanto, o teu pensamento relativista também é falho.

Mais, colocaste novos conceitos aos meus conceitos; mais conceitos na minha fala. É possível a comunicação sem conceitos? O conhecimento sem conceitos?

A linguagem se dá através de conceitos. E, se parares para pensar, podes perceber que a linguagem é universal. Se eu disser “cadeira” tu pensas numa, o meu amigo de Triunfo pensa noutra, o meu amigo que está em Dublin vai pensar ainda noutra e assim por diante. Tu só vais conseguir precisar uma cadeira exata quando eu apontar o dedo para qual cadeira eu estiver me referindo. Isto é, algo presencial. Sem estarmos presentes, podemos falar sobre coisas, só que estas coisas vão ser palavras (conceitos) universais. Mas, sem eles não podemos falar. Portanto, existem as coisas (as cadeiras, mesas, computadores, eu, vocês, etc.), mas a linguagem os torna universais. Porém, nem por isto eu deixo de existir! Nem por isto este texto deixa de existir!

Então, se os conceitos são falhos, eu não posso falar. E devo ficar no silêncio. Essa é a filosofia dos céticos! A filosofia do silêncio! Porque o cético ao falar, está partindo de algum pressuposto, o que nega a sua essência que é a negação de tudo. Aliás, o cético se auto-contradiz na sua essência: negação de tudo – para isso, ele deve poder negar essa afirmação (seu pressuposto) também!

Seguindo Aristóteles, estes devem se reduzir ao estado de planta! Já que não podem falar e não conseguem pensar. Pois, nessa tentativa de negar tudo negam a si mesmos! Negam seu próprio pensamento.
Agora, se parares para prestar atenção, o princípio de não-contradição permanece! Pois ao te refutar a ti mesmo, o que ressurge é o princípio de não-contradição. Toda vez que tentares negar este princípio, vais acabar te refutando a ti mesmo e o princípio permanecerá!

A cadeira existe, a mesa existe e assim por diante. Existem, também, os conceitos de cadeira e de mesa. Se queres abandonar os conceitos não conseguirás falar, perderás a comunicação e o pensamento – tendo em vista que a razão funciona através de linguagem. Logo, novamente, Aristóteles diria que tu e uma planta são a mesma coisa.