Gostaria de começar dizendo que os comentários escritos até esta data foram muito bons. Ótimos para um começo de debate, para uma troca de idéias, que é o que eu espero com este blog.
Um ponto que eu gostaria de ressaltar é a relação entre a universalidade e o Direito. Esta relação se dá de várias formas, mas a que me aparece de forma mais latente é nos Direitos Humanos. Estes Direitos tem a pretensão de universalidade com base na proteção da Dignidade Humana.
Mas o que é a Dignidade Humana? Existe algum conceito para a Dignidade Humana? Qual é este conceito? E ele é universal (vale para todos independentemente de credo, raça, etc.)?
Bom, se tu negas a universalidade, acabas por negar a Dignidade Humana de forma universal e, portanto, negas a possibilidade de existência de algum Direito internacional - como os Direitos Humanos.
Mais, se negas a universalidade, estas na verdade dizendo: "Não existe nada que seja universal". Só que esta frase é universal e, logo, deve-se acrescentar um "exceto esta" depois da afirmação: "Não existe nada que seja universal, exceto esta frase". E, se te manténs nesta posição, acabas por entrar em autocontradição, isto é, acabas por refutar a ti mesmo. Isto é, a pessoa diz e se desdiz, que é o que acontece quando alguém afirma que não existe universalidade ou quando afirma que não existem verdades. Aristóteles diria que quem se mantém na contradição não consegue pensar e nem falar e, assim sendo, deveria ser reduzido ao estado de planta.
E aí? Serás um ser humano ou uma planta?
INDIGNAI-VOS E ESTOCAI COMIDA PARTE III
Há 13 anos
8 comentários:
Cara, vou tentar elaborar um raciocínio. Tudo isto são conceitos, e conceitos são uma apreensão do pensamento. Mas toda tentativa de apreensão do pensamento é imperfeita. Então podemos concluir que todos os conceitos essencialmente são falhos. E no que consiste essas falhas? Bom, essas falhas são o que não permite que os conceitos sejam universais, ou seja, essas falhas são o que permite a interpretação dos conceitos. Intrepretação pressupõe ponto de vista. Agora imaginemos que um conceito represente uma verdade. A verdade em si estará no pensamento que o conceito tentou apreender. Mas como o conceito é imperfeito, nos restaram as falhas. E cada um interpreta essas falhas à sua maneira, ou seja, cada um complementa o conceito com o seu ponto de vista. Isso significa que cada um elabora a sua própria verdade. E o que acontece se existem muitas verdades sobre a mesma coisa? Elas acabam por anular-se. Conclusão: Não existem verdades absolutas. Nosso mundo é baseado em conceito imperfeitos e tudo é uma questão de ponto de vista.
Que coisa doida isso.
"Mas toda tentativa de apreensão do pensamento é imperfeita. Então podemos concluir que todos os conceitos essencialmente são falhos."
Não, está errado. É um dos modelos de autocontradição expostos pelo Ariel. Basicamente, se todos os conceitos são falhos, esse que elaboraste também seria; portanto, não necessariamente todos os conceitos seriam falhos.
Em outros termos, esqueça o raciocínio.
ah claro, pq apenas seres intelectuais como voces dois entenderiam tal argumento.
"A verdade em si estará no pensamento que o conceito tentou apreender."
Também está errado. Na verdade, não vou entrar no "errado" ou "certo", mas, sim, na parcialidade dessa afirmação.
A verdade, para concordarmos, está tanto na abstração quanto no fato, isto é, na subjetividade e na objetividade. Não há verdade superior ao fato, a não ser que que tu anules o mundo para dar vigor a tua teoria - o que, creio, seja inverossímil.
Primeiramente: os conceitos são falhos. Todos são. Este também, não havia como ser diferente, mas a idéia que ele representa é a "verdade" que eu quero passar, e esta tu entendeste perfeitamente.
Quanto à subjetividade & objetividade, digo o seguinte: primeiro, não há "verdades", há pontos de vista. Segundo, um fato é uma coisa dura, fria, crua, que independe de abstrações, sentimentos, pensamentos, "verdades". Um fato pode ser essencial a um conceito, ou pode não significar absolutamente nada. Os fatos só nos valem de alguma coisa dentro de contextos. Em suma, um fato é só um fato. Os conceitos é que são as nossas tentaivas de "verdades".
Ryan, basicamente, tu estás dizendo que tudo é falho. Então por que discutir comigo se eu sou falho? Uma discussão entre falhos não faz sentido.
Eu discuto porque quero, justamente, saber verdades.
Eu não discuto para chegar a "verdades". Eu discuto para conhecer outras versões. Afinal, tudo é uma questão de ponto de vista, mas são justamente os pontos de vista contrários que se complementam e acrescentam novas percepções.
Ryan, minha opinião é esta:
a verdade é um prato de arroz quentinho.
Se tudo é ponto de vista, então estou certo também, não importa o quanto seja imbecil o que estou falando.
A questão é, e Richard Dawkins fala com maestria sobre isso, a pertinência do pensamento: enquanto alguns cientistas procuram incessantemente compreender os fenômenos do mundo, algumas outras pessoas, dotadas de um mínimo de conhecimento filosófico, se dizem relativistas e jogam pelo ralo qualquer verdade conquistada às custas do trabalho sério.
Para essas pessoas, meia dúzia de frases bonitas, como "tudo é relativo, depende do ponto de vista", valem mais do que qualquer conhecimento verificável. Isso é, mais do que um egocentrismo enorme, um desserviço para a humanidade.
Não existem pontos de vistas para todas as coisas. Por exemplo:
Em Dom Casmurro, Capitu traiu ou não o Bentinho? Isso é totalmente interpretável.
A estirpação de clitóris é boa? Não, é um absurdo, que é legitimado por vocês, relativistas.
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